Things to do before I...

Era para ter sido visto no cinema mas o argumento parecia tão triste que foi sendo adiado. Parecia nunca haver mood apropriado para ver um filme de uma rapariga de 23 anos a quem os médicos "dão" dois meses de vida... Ontem decidimos finalmente sentarmo-nos à frente da tv, mas continuava com algum receio. De ser colocada num frente-a-frente com o absurdo e a obscuridade da vida, de tornar o serão deprimente.
Falsas expectativas. Não deprimiu, pelo contrário, ajudou a encontrar mais uma pequena interpretação para o mistério da vida. A vida ilógica, breve, que por vezes parece estagnada numa roulotte de sonhos.

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Ann is twenty three, she’s got two young daughters,
a husband who spends more time unemployed
than working, a mother who hates the world, a
father who has spent the last ten years in jail, a job
as a night janitor in a university she could never
attend in the daytime... She lives in a trailer on
the yard of her mother’s house, on the outskirts of
Vancouver.
This grey existence changes completely after a
medical check-up.

Paradoxically, since that day Ann discovers the
appetite for life.

Há partes tristes, noutras o sorriso desperta, há até direito a gargalhadas. Sente-se. E isso é bom.

No filme, morrer e despertar andam lado a lado, através da força de uma jovem de pés descalços e à chuva que respira fundo nesse momento animal e em todos os momentos que lhe restam, conseguindo aproveitar cada segundo e deixar tudo como se ela seguisse no mundo.

Fecham-se portas, abrem-se cadernos onde se escrevem sonhos soltos

...saindo do filme...

Não é preciso um acontecimento tão dramático para mudar, para acordar! Quantas vezes dizemos que queremos isto e aquilo - um curso, uma viagem, passar mais tempo com quem gostamos, dizermos-lhe isso, relaxar ao fim do dia-a-dia desgastante, darmos mais de nós aos outros, cuidarmo-nos melhor a nós próprios e no fundo não fazemos NADA para o conseguir? E depois voa uma semana, um mês, uma estação, um ano. Reveillon após reveillon. E em meados de Janeiro já vamos percebendo que engolimos os desejos juntamente com as passas. Os sonhos são altos, efémeros e muitas vezes externos, independentes de nós. Quando deveriam ser o contrário - simples e ao nosso alcance. Porque a vida é feita de pequenos nadas, que por vezes esquecemos. Pequenas metas que não traçamos tão focados que estamos no objectivo inatinjível. Coisas valiosas que nos escapam porque andamos com a cabeça enterrada em tanto negativismo.

Não é obrigatório que as coisas sejam assim. Até ao nosso último segundo há sempre algo a fazer. Como é que vão preencher os vossos?

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